26/04/2010

Ícaro


Ícaro

Não há princípio nem fim.
Não há razão ou falta dela.
Deixe-me, deseje-me,
Esqueça-me, recrie-me.

Doces mentiras, como tantas outras.
Hoje tão esquecidas, como tantas outras.
Exalte-me, crucifique-me,
Ajoelhe-se, odeie-me.

Sentindo a falta, a fadiga,
Travestido de um deus ateu.
Carregado, andarilho,
Insatisfeito, incompleto.

Na janela há um recado óbvio,
Ficar ou partir.
Deitado, desarmado,
Confuso, esquecido.

Como músicas inacabadas,
Como quadros quebrados,
Como poesias esquecidas,
Como filmes incompreendidos.
Sou.

11/04/2010

O Vácuo e o Tempo

O Vácuo e o Tempo


Velhos amigos,
Novos ritmos.
Velhas tentações,
Novas versões.

Eu e meus velhos métodos.
Novos sonhos enfumaçados.
Nossas velhas considerações,
Adquirimos novas aversões.

O bom e o velho álcool na garganta,
Os novos heróis desconhecidos.
As velhas e hilárias tosses,
As novas maneiras de escarro.

Semelhanças?

05/04/2010

Mãos Lentas


Mãos Lentas


Mãos tão lentas
Tentando mover o que ainda resta de seu mundo,
Que já não sabe se o pertence
Ou se a ele pertence.

Um dia tão calmo,
Com copos de café gelado.
Sem charme de notas de dólares
Nem feridas visíveis sobre a pele.

Pés tão cambaleantes
Lutando contra as calçadas tortas,
Surrando sapatos de mentira
E chegando ao lugar-nada.

Uma noite tão noite,
Daquelas que nos esquecemos.
De labaredas azuis
Queimando gravetos nas ruas da lua.

Vamos jogar cartas?
Vamos correr atrás de cometas?
Vamos acender cigarros?
Vamos nos fingir de mortos?

Já é mesmo tarde?
Ou ainda cedo demais?
Usualmente não durmo antes das seis.
Da tarde ou da manhã.

Isto é Sobre um Céu de Desenho Animado

Isto É Sobre Um Céu de Desenho Animado Ela dorme em seda rosa E também em grama verde. E ela sabe tão pouco sobre o mundo Que at...