Enquanto Houver Estrelas
Eu, que caminho sem destino,
Que nunca sei o que pensar,
Tenho na velha mala a absurda certeza
De não mais ter como opção o regresso.
Eu, que venço sem merecer,
Que às vezes penso em desistir,
Visito o frio inferno agridoce
Sem lágrimas escorrendo pela face.
Eu, que peco pela inconstância,
Que constantemente perco a calma,
Deixo dominar-me com desdém
Sem lhes dar razão.
Eu, que não quis crescer,
Que tive roubada a própria escolha,
Tento somente não extinguir
O pouco que me parece restar.
Eu, que abuso da hipocrisia,
Que finjo todos os dias,
Com sorrisos brilhantes e de mentira
Faço o mundo se ajoelhar.
Eu, que desfaço e refaço sonhos,
Que abandono o apego pela vida,
Deixo para trás as frágeis palavras
Apenas para possuir algumas estrelas.