29/12/2009

Mon Grand Péché

Mon Grand Péché

Deitada, me aguarda,
Íntima flor cravejada
De diamantes e cores.


Levanta-te fausta,
Nua, minha.
E sob o céu imenso e prateado,
lacrimosa, goza.
Exausta e leve.


Agora troca-te,
Ponha teu vestido laranja
Que me ardem os olhos castanhos,
E casa-se,
Comigo.


25/12/2009

Mais Uma Manhã





Mais Uma Manhã


Era um momento bem delicado. Ralph sentia-se extremamente cansado naquela manhã, devido à noite mal dormida e, principalmente, às constantes lutas sangrentas travadas com seus próprios instintos. Seus olhos teimavam em se fechar e seu coração batia num ritmo estranho. Sono, depressão e uma sensação prazerosa de não-dor dominavam seu corpo.
Ainda eram onze da manhã e ele já havia conversado com quase vinte pessoas. Era realmente uma média impressionante, principalmente se levarmos em consideração que ele nem queria ter saído da cama.
Comeu um pedaço de bolo e fumou lentamente um cigarro de sua marca preferida. Ele achava que o cheiro era mais suportável. Enquanto tentava relaxar seu cérebro inquieto, pensou seriamente em tirar um cochilo no pequeno banheiro do recinto. Quando estava quase decidido, Antonia entrou na copa. Ele olhou para ela, que tinha um semblante engraçado e sofrido, e disse sem pensar:
- Então, acho que vou me casar.
Ela fez cara de descaso e surpresa, mas foi educada:
- Legal, legal. Com quem? Com a Beatriz? Ou com Ana?
Ele pensou um pouco e resmungou, quase para si mesmo:
- Não sei ainda. Não sei mesmo...
Neste momento ele se lembrou que Antônia já havia sido casada e separou-se por ter apanhado do marido algumas vezes. Nada muito grave, apenas uns tapas.
          Antônia saiu da copa, voltando para seus afazeres, e Ralph permaneceu ali, imóvel, esperando o sono voltar. Quando estava quase dormindo novamente, mesmo sentado numa cadeira desconfortável, Clemente entrou fazendo barulho. Sorrindo numa altura insuportável e batendo palmas ritmicamente, disse em voz alta, desproporcional à distância que se encontravam:
- Cara, o que você está fazendo? Dá um cigarro?! Vou comprar e te devolvo mais tarde.
Ralph não conseguiu esconder seu descontentamento com a situação, mas achou justo doar um cigarro. Lentamente tirou o maço amassado do bolso e disse:
Clemente, vá se foder! E sorriu, pra si mesmo.
Praticamente sem opções visíveis ou viáveis, ele se encaminhou para o banheirinho, trancou a porta, se masturbou e dormiu, por oito horas, apenas para não ser incomodado.



10/12/2009

Arte

Arte

Arte tecnológica, lógica, vasta.

Antes, meses seriam necessários
Para que meus cuidados a ti chegassem.
Agora chegam quase antes que neles penso.

Arte tecnológica, ilógica, bendita.

01/12/2009

E Como Saber o Que Restará?

E Como Saber o Que Restará?



Na sala repleta de fumaça azul
Vozes insinuam, por engano, um fim descorado.
Num ritual sacro entendemos a aspereza e a sutileza do adeus,
E dividimos, e choramos.
E isto deixa de ser a partida,
Tornando-se um recomeço adocicado.

A longitude e a longevidade,
Próximas como os pólos, sul e norte.
E a olho nu, os corredores se esvaem,
Mas não as vozes, não as vozes.
Essas permanecerão em algum canto,
E quando eu cantar, sete pássaros nascerão.

Com ombros eretos, a caminhada,
Com sorrisos apertados, entre os lábios, a incerteza,
Com delírios e arrependimentos, as lições.
Pelos próximos anos, pelos próximos segundos,
Pelos filhos, mães, pelos inimigos efêmeros e amigos estranhos,
Pela última olhada, atravessada.

Surgem as palavras derradeiras: Até logo, até...

Isto é Sobre um Céu de Desenho Animado

Isto É Sobre Um Céu de Desenho Animado Ela dorme em seda rosa E também em grama verde. E ela sabe tão pouco sobre o mundo Que at...